CREDO ATANASIANO
Hoje é o Domingo da Santíssima Trindade, dia do calendário da Igreja no qual nós, de forma muito devota, nos debruçamos sobre a revelação de nosso Deus Triuno: Pai, Filho e Espírito Santo. Toda a Fé cristã está baseada nessa revelação, conforme o relato do Apóstolo São João no Evangelho, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus… O Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade, e vimos a sua glória, como Unigênito do Pai” (Jo 1.1,14), e ainda “[O Pai] vos dará outro Consolador,..., o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; vós o conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós” (Jo 14.16-17).
O SENHOR, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, que no passado, de muitas e diferentes formas falou com seu povo pela boca dos profetas, nos últimos tempos falou através de seu próprio Filho. E é pela forma como o Filho nos mostra o Pai, que nós conhecemos quem é o nosso Deus, sabemos que Deus desde a Eternidade é Pai, que eternamente gerou o Filho, antes de todos os mundos, e que é Espírito Santo que eternamente deles procede, não sendo, todavia, Três, porém Um só Deus, em três Pessoas.
Enquanto a Igreja Cristã se desenvolvia, essa expressão da Divindade que nos foi revelada pelo Filho também “se desenvolveu”, não no sentido de ter mudado, mas a forma como a igreja passou a divulgar essa Mensagem melhorou, criou-se, por exemplo, o termo “Trinitas” ou Trindade para se referir a forma como Deus se revela pra nós.
Tal como crescia em número de pessoas e em desenvolvimento, a Igreja passou a sofrer oposição de Roma e dos judeus em forma de perseguições e morte aos que professavam a fé cristã. Contudo este não foi o único tipo de perseguição sofrida. Durante o governo do Imperador Diocleciano (284-305), a Igreja teve uma aceitação de Roma, mas um outro tipo de perseguição começou a se infiltrar na Igreja – o da oposição à fé como revelação direta da verdade por parte de Deus. É nesse contexto em que surge o Credo Niceno, mais tarde Niceno-Constantinopolitano, como uma resposta aos hereges seguidores de Ário, que negavam a divindade de Cristo, e aos macedônios que negavam a divindade do Espírito Santo.
De forma similar, surge na Igreja o Credo Atanasiano, que, diferere dos outros dois Símbolos (Credos) da Igreja por não iniciar com “Creio”, mas como “Aquele que quiser ser salvo…”, motivo pelo qual ele também é conhecido como Quicumque. Trata-se de uma confissão magnífica sobre o Deus Triúno. Lutero o considerou "a maior produção da igreja desde os tempos dos apóstolos". A origem do credo é obscura, apesar de que desde o século IX alguns atribuíram a Santo Atanásio, Bispo de Alexandria e heróico defensor da doutrina da divindade de Cristo contra Ario. Entretanto, não há razões muito fortes para que se possa atribuí-lo a Atanásio. De uma forma ou de outra, é um dos Grandes Símbolos da Igreja Cristã, o qual é tradicionalmente rezado no Domingo da Santíssima Trindade.
Uma das possíveis formas que a Igreja Luterana o reza neste dia é responsorialmente, como você pode encontrar abaixo:
O - Aquele que quiser ser salvo, antes de tudo deverá ter a verdadeira fé cristã.
C - Aquele que não a conservar em sua totalidade e pureza, sem dúvida perecerá eternamente.
O - E a verdadeira fé cristã é esta,
O e C - que honremos um único Deus na Trindade e a Trindade na Unidade,
O - não confundindo as pessoas nem dividindo a substância divina.
C - Pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho e outra a do Espírito Santo;
O - mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um único Deus, iguais em glória e majestade eterna.
O e C - Qual o Pai, tal o Filho, tal o Espírito Santo.
O - O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado.
C - O Pai é incomensurável, o Filho é incomensurável, o Espírito Santo é incomensurável.
O - O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno,
O e C - Contudo não são três Eternos, mas um único Eterno.
O - Do mesmo modo não são três Incriados, nem très Incomensuráveis, mas um único Incriado e um único Incomensurȧvel.
C - Da mesma maneira, o Pai é Todo-Poderoso, o Filho é Todo-Poderoso, o Espírito Santo é Todo-Poderoso;
O - contudo, não são três Todo-Poderosos, mas um único Todo-Poderoso.
O e C - Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus;
O - todavia, não são três Deuses, mas um único Deus.
C - Deste modo o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor;
O - entretanto, não são três Senhores, mas um único Senhor.
O e C - Visto que, segundo a verdade cristă, nos importa confessar cada pessoa por sua vez como sendo Deus e Senhor, é-nos proibido pela fé cristã dizer que há três Deuses e três Senhores.
O - O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem gerado.
C - O Filho provém apenas do Pai, não foi feito, nem criado, mas gerado.
O - O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado pelo Pai e pelo Filho, mas deles procede.
C - Logo, é um único Pai, não são três Pais; um único Filho, não três Filhos; um único Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
O - E nesta Trindade nenhuma pessoa é anterior ou posterior, nenhuma maior sou menor;
C - mas todas as três pessoas são coeternas e iguais entre si,
O e C - de modo que, como foi dito, em tudo seja honrada a Trindade na Unidade e a Unidade na Trindade.
O - Portanto, quem quiser ser salvo, deverá pensar assim da Trindade.
C - Entretanto, é necessário para a salvação eterna crer também fielmente na humanação de nosso Senhor Jesus Cristo.
O - Esta é, portanto, a fé verdadeira:
O e C - crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é Deus e Homem.
O - E Deus da substância do Pai, gerado antes dos tempos, e Homem da substância de sua mãe, nascido no tempo;
C - Deus perfeito e Homem perfeito, subsistindo em alma racional e carne humana O Igual ao Pai segundo a divindade e menor do que o Pai segundo a sua humanidade.
O e C - Ainda que é Deus e Homem, nem por isso são dois, mas um único Cristo,
O - Um só, não pela transformação da divindade em humanidade, mas mediante a recepção da humanidade na divindade.
C - E, de fato, um só, não pela fusão das duas substâncias, mas por unidade de
O - Pois, assim como corpo e alma racional constituem um único homem, Deus e pessoa. Homem é um único Cristo,
C - o qual padeceu pela nossa salvação, desceu ao inferno, no terceiro dia ressuscitou dos mortos.
O - Subiu ao céu, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
C - E quando vier, todos os homens hão de ressuscitar com os seus corpos e dar contas de seus próprios atos,
O - e aqueles que fizeram o bem irão para a vida eterna, mas aqueles que fizeram o mal, para o fogo eterno.
O e C - Esta é a verdadeira fé cristã. Aquele que não crer com firmeza e fidelidade, não poderá ser salvo.
O e C - Amém.
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